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A mente é espacial.

Quando pensamos sobre a percepção humana surgem diversas questões relacionadas ao nosso cérebro e seu funcionamento, que acaba sendo responsável por criar a nossa realidade em cima das experiências que temos. Em nossas últimas conversas, falamos sobre cores, aromas, sobre o impacto da linguagem, ilusões que temos por causa do nosso cérebro e sobre como a nossa mente cria a imagem que temos de nós mesmos.

Acho que vocês já perceberam que eu me interesso um bocado pela percepção humana, não é mesmo? E é por isso que gostaria de dar continuidade a esse assunto, mas falando agora sob uma ótica um pouco mais prática: como nossos cérebros sabem onde estamos? E quando saímos do lugar, como nossos cérebros sabem para onde voltar?

Num primeiro momento a pergunta parece até meio boba, e a resposta “ele simplesmente sabe” frequentemente é a primeira que nos vem à cabeça, mas será que essa questão é mesmo tão simples assim? Alguns casos de indivíduos sem a capacidade de se localizar em diversos ambientes parecem contradizer essa aparente simplicidade.

O caso da americana Sharon Roseman é um deles. Aos cinco anos de idade, em Chicago, brincando de um jogo parecido com “gato-mia” em seu próprio quarteirão, algo estranho aconteceu. Depois de retirarem a venda que cobria seus olhos, Sharon não conseguia reconhecer onde estava. Nada lhe parecia familiar naquele lugar. O pânico de se sentir perdida foi tamanho, que sua reação foi a de simplesmente correr. Ela então entra em um jardim qualquer e se assusta ao ver a própria mãe sentada. Mesmo depois de encontrá-la, Sharon continuou sem conseguir reconhecer onde estava, nesse caso, sua própria casa.

Segundo ela, episódios assim aconteceram diversas vezes ao longo de sua vida, e foi em sua fase adulta que Sharon começou a entender certos aspectos de sua condição. Um desses aspectos é que, de fato, ela não deixava simplesmente de reconhecer tudo que estava a sua volta, o que ocorria é que sua percepção visual e espacial sofria um shift de noventa graus, ou seja, Sharon conseguia reconhecer o ambiente a sua volta, mas era como se tudo estivesse no lugar “errado”.

Só muitos anos mais tarde, enquanto assistia televisão, foi que Sharon descobriu que existia uma condição clínica na qual as pessoas não conseguiam reconhecer rostos. Sua curiosidade foi tão grande que ela procurou o neurocientista que participou do programa de TV com o objetivo de entender se existia alguma explicação para essa perda de direcionamento que ela experimentava desde criança.

O neurocientista Guiseppe Iara fez vários testes com Sharon, incluindo um em que ela tinha que jogar um jogo online, no qual sua única tarefa era a de localizar pontos específicos de uma paisagem e onde eles estavam uns em relação aos outros. Vocês já devem imaginar que o desempenho de Sharon no jogo não foi dos melhores, mas foi justamente após esse episódio que tudo começou a se esclarecer.

Eis que outra paciente do Dr. Guiseppe Iara realizou o mesmo teste que Sharon, mas, dessa vez, sendo monitorada por um equipamento que mapeava a atividade elétrica de seu cérebro. Esse tipo de mapeamento foi capaz de trazer informações sobre quais áreas do cérebro estavam ativas ou inativas enquanto realizava certas tarefas. E exatamente por isso, o aparelho foi essencial para demonstrar que tanto em Sharon quanto nessa outra paciente, a área cerebral conhecida como Hipocampo sofria uma ativação mínima quando comparada com centenas de outros indivíduos que conseguiram realizar o teste de localização espacial.

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A condição de Sharon e de diversos outros indivíduos parece estar relacionada com alguma alteração específica na região hipocampal, e inclusive possui até um nome em inglês, Developmental topographical disorientation, ou DTD, mas muito ainda precisa ser estudado para que uma compreensão completa possa ser alcançada.

Assim como muitas questões acerca do funcionamento de nosso cérebro, e de como conseguimos realizar centenas de ações que são aparentemente simples, a maneira como nos localizamos no espaço e fazemos mapas em nossa cabeças, ainda é uma área em estudo.

Enquanto isso, o que já se sabe sobre percepção pode ser aproveitado, (se já não está sendo), por muitas empresas. Seja através da construção de pontos de venda que intercalem diferentes tipos de estímulos sensoriais ou através do entendimento da mente do seu consumidor, você pode construir estratégias de marketing capazes de envolvê-lo e criar, para ele, momentos únicos e marcantes! Quer saber como? Nós te mostramos aqui! 🙂

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