11 3569-9844 | 21 2533-2961

A percepção das cores também é cultural!

Há duas semanas, nós conversamos um pouco sobre os motivos que nos levam a enxergar as cores da mesma maneira, você está lembrado? Se não estiver, pode dar uma conferida no post “Porque nós enxergamos as cores sempre iguais: entendendo o fenômeno da constância”. Hoje, vou continuar nosso papo sobre cores, mas sob uma ótica um pouquinho diferente.

Para começar, você sabia que a percepção que nós temos de uma determinada cor pode ser influenciada por nossa linguagem e nossa cultura? Foi isso mesmo que você leu! E essa possibilidade é mais real do que você imagina… Vou explicar.

Azul é uma cor reconhecida como uma das mais populares do mundo. É a cor de assinatura de diversas marcas e é inclusive parte da identidade visual de alguns dos sites mais acessados da internet. É a cor do céu, do oceano e é a cor original dos jeans. Em resumo, é uma cor bastante frequente em nossas vidas. Mas e se eu te dissesse que não foi sempre assim? Ou melhor, e se eu te dissesse que houve um tempo em que o azul “não existia”?

Estranho, não é? Calma! Vamos voltar um pouco no tempo. Duas figuras importantes do século 19, o primeiro ministro britânico, William Gladstone e Lazarus Geiger, um conhecido filologista alemão, foram os primeiros a perceber que não havia menção à cor azul nos textos de civilizações antigas. Os textos gregos, coreanos, chineses, hebraicos e islandeses, citavam cores como o vermelho, o amarelo, o verde e até mesmo o violeta, mas não havia menção ao azul. O próprio oceano, que é prontamente reconhecido por nós como azul, foi descrito por Homero no texto da Ilíada como sendo de cor “vinho escuro”.

A única civilização antiga que desenvolveu uma palavra para descrever a cor azul foram os egípcios, que coincidentemente (ou talvez nem tanto) eram também a única civilização que possuía meios de produzir pigmentos nesse tom.

As evidências sugerem que até que sejamos capazes de descrever, nomear e classificar o que estamos vendo, mesmo que seja algo tão simples quanto uma cor, aquilo pode nos passar despercebido. E foi exatamente isso que aconteceu com as civilizações antigas citadas anteriormente! Não tendo muitos vínculos, inclusive culturais, com a cor azul, aqueles povos não a percebiam como algo fundamental.

cores

Durante a era moderna o termo “azul” acabou se tornando comum – ele está presente em praticamente todas as línguas – e agora eu imagino que você esteja se perguntando: afinal de contas, as civilizações antigas conseguiam ver a cor azul mas não possuíam palavras pra descrevê-la, ou elas simplesmente não conseguiam enxergá-la? Nós só nos tornamos capazes de perceber naturalmente uma cor a partir do momento que possuímos uma palavra para ela? A partir dessa pergunta, o pesquisador Jules Davidoff viajou até a Namíbia e conduziu um estudo com indivíduos de uma tribo africana que não possuía uma palavra pra descrever a cor azul

Durante a pesquisa, ele apresentou para os membros da tribo 12 quadrados, sendo que onze deles eram verdes, e um único quadrado, azul. A surpresa do experimento, é que apesar da grande diferença de cor, os indivíduos da tribo não foram capazes de diferenciar os quadrados.

O pesquisador explica que sem uma palavra para descrever a cor, sem uma maneira de identificá-la como diferente, torna-se muito mais difícil perceber o que realmente a torna única, mesmo que nossos olhos sejam fisicamente capazes de enxergar as diferentes cores dos quadrados.

Podemos concluir que, antes do azul se tornar um conceito comum e possuir um nome próprio, é provável que todos conseguissem enxergar a cor normalmente, no entanto, diferenciá-la do resto das cores era mais difícil.

Quer entender um pouco mais sobre o funcionamento dos nossos sentidos e da interpretação que nosso cérebro realiza dessas informações? Então continue acompanhando o nosso blog! Nas próximas semanas, vou te contar várias histórias legais sobre a nossa percepção de realidade.

Deixe um comentário

© Forebrain. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Agência Inbound