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Quem sou eu?

Já parou para pensar que quando você repete uma palavra continuamente, acaba tendo uma sensação estranha quanto ao seu som e ao seu significado? Isso é normal, você não precisa se sentir mal, mas será que essa sensação também se aplica aos estímulos visuais? Talvez você nunca tenha percebido, mas encarar durante muito tempo o nosso próprio reflexo no espelho, por exemplo, também nos faz dissociar o nosso significado de nós mesmos. Tá, eu sei que você deve estar me achando maluco, mas eu vou explicar um pouco melhor.

Nas minhas últimas postagens, nós conversamos um pouco sobre diferentes aspectos da percepção humana que ajudam e impactam a maneira como construímos o mundo a nossa volta. Hoje, conversaremos sobre como nós construímos a imagem e percepção de nós mesmos.

A história começa à partir da invenção dos espelhos, no século XVII, quando nós, seres humanos começamos um diferente processo de auto reconhecimento. Antes disso era através de retratos a óleo e superfícies minimamente polidas que observávamos a nós mesmos, muito superficialmente. A invenção dos espelhos certamente causou uma revolução ao longo da história, trazendo questões como a do post de hoje. Atualmente, diversos cientistas estudam justamente esse ponto: onde está o nosso verdadeiro eu? Só os seres humanos possuem essa capacidade de auto percepção?

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Em um estudo famoso que o psicólogo e pesquisador Gordon Gallup Jr. desenvolveu na década de 70, um experimento conhecido como “O teste do Espelho”, teve como principal objetivo determinar se alguns animais possuíam a capacidade de se auto reconhecer. Na versão clássica do teste, o animal era anestesiado e marcado com tinta em alguma porção de seu corpo. Quando acordava, o animal ficava em frente a um espelho e, se ele prestasse atenção na marca feita pelo pesquisador, tocando nela por exemplo, isso era considerado como um indicativo de que ele percebia a imagem refletida como uma representação de si próprio, e não um outro animal. Como o experimento ainda apresentava limitações, outras questões foram levantadas: a percepção do estímulo pelo animal (a marca feita pelo pesquisador) e o reconhecimento dele realmente podiam ser associados ao auto reconhecimento, ou a consciência se trata na verdade da avaliação subjetiva dessa experiência?

O neurocientista indiano V. S. Ramachandran acredita que a construção da percepção de nós mesmos vai além de simplesmente receber estímulos externos e reagir a eles. Ele acredita que boa parte do que nos torna conscientes de nós mesmos é a habilidade dos nossos cérebros de construir “histórias”, inclusive sobre quem somos. Entender uma experiência, e a capacidade de abstrair as informações absorvidas durante essa experiência, parece até então, uma capacidade apenas humana. A construção da imagem de quem somos, não da imagem física propriamente dita, é provavelmente a reunião e a abstração de tudo que nos aconteceu durante a vida. Os estímulos que recebemos, as memórias que temos, a interpretação que nossa mente faz disso em conjunto, contribui para a percepção do que nós somos.

De uma forma geral, já é reconhecido e mostrado através de alguns estudos que nosso cérebro possui diferentes estruturas com diferentes funções. Existem, por exemplo, partes responsáveis pelo reconhecimento de rostos (o giro fusiforme, mas você não precisa se lembrar deste nome) ou responsáveis pela nossa personalidade e pelas decisões que tomamos (aqui entra em cena uma região cerebral conhecida como córtex pré frontal), por exemplo. Genial, não é? E o melhor é que as empresas podem lançar mão destes conhecimentos para entender algumas características do consumidor e como eles tomam suas próprias decisões.

Apesar da grande complexidade própria das pesquisas sobre consciência, a começar pela própria definição do que é esse processo, os pesquisadores desvendam ano após ano novas pistas sobre onde está localizado esse verdadeiro eu, desbravando uma área que antes pertencia quase exclusivamente às discussões filosóficas. Mas enquanto eles não chegam a um consenso sobre porque somos o que somos, é impossível não admitir o quão incrível é vivermos numa época onde algumas das maiores questões da humanidade começam a ser respondidas. E você já pode e deve aproveitar esses conhecimentos existentes para desvendar a mente do seu consumidor, sua personalidade e a forma como ele decide pelo seu produto, por exemplo. Quer entender melhor? Então dá uma olhada nas nossas metodologias!

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