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A neurociência por trás das redes sociais

Meu celular vibrou. Três notificações chegaram no Hangouts do trabalho e o Facebook apitou. Depois de passar o olho brevemente pelo aviso de e-mails não lidos na minha caixa de entrada e de ficar um pouco assustado com a quantidade, percebi que a música do meu Spotify estava alta e eu sequer havia me dado conta do quanto aquele barulho todo estava me incomodando. Decidi me desligar do trabalho por alguns segundos e comecei a olhar em volta. Nada muito diferente.

Na sala ao lado, duas pessoas discutindo enquanto tentavam responder aos seus e-mails. Atrás de mim, mais conversa junto com trabalho, e-mails e telefonemas. E todos checando seus celulares insistentemente, como se fossem receber, a qualquer momento, um aviso que mudaria para todo o sempre a vida da população brasileira. No fundo, esse caos todo me inspirou e decidi escrever sobre o impacto das redes sociais no nosso dia-a-dia.

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Se, por um lado, a ascensão do Facebook pegou muita gente de surpresa, por outro, seu sucesso não foi tão surpreendente assim para as centenas de pesquisadores de neurociência e neuromarketing que estudam interações sociais, ao redor do mundo. E por que essa surpresa não foi tão grande assim? Porque nos últimos anos algumas peculiaridades do nosso cérebro foram descobertas e, todas elas juntas, levam a uma única conclusão: nós, seres humanos, somos muito mais orientados pelo aspecto social do que imaginamos.

E aí, talvez você me pergunte o que o Facebook e outras redes sociais tem a ver com essa descoberta. Para te responder isso, vamos passar por algumas descobertas da neurociência, que foram reunidas por David Rock, em seu artigo Your Brain on Facebook, publicado pela Harvard Business Review.

Nos últimos anos, diversos estudos sobre a importância das interações sociais para o nosso bem-estar foram realizados. Alguns dos resultados mais impressionantes foram que tanto as recompensas quanto as ameaças costumam ser mais intensas quando estão relacionadas a comportamentos sociais. Além disso, os pesquisadores descobriram que a dor social, como por exemplo, ser deixado de fora de uma atividade, pode ativar regiões cerebrais que também são ativadas pela dor física, e que tomar paracetamol também pode reduzir essa dor social. Para finalizar a série de achados surpreendentes, segundo Rock, os hábitos sociais positivos podem ser mais importantes para a sua saúde que a dieta e os exercícios que você costuma praticar.

Plataformas como o Facebook representam uma possibilidade de prazer intenso, imediato e que precisa de um esforço muito pequeno para acontecer. Vale lembrar que o nosso cérebro sempre busca minimizar os perigos e maximizar as recompensas. Em nossa sociedade, que apresenta muito menos riscos reais que antigamente – eu, pelo menos, não vejo muitos leões perseguindo as pessoas por aí – nosso foco em atividades altamente recompensantes e que exigem pouco esforço é cada vez maior, afinal de contas, pouco esforço é sinal de menos energia gasta, logo, quanto maior o prazer e menor o esforço, maior será a sensação de recompensa.

Sendo assim, não é muito difícil entender o sucesso tão grande de redes como o Facebook. Através de redes sociais, conseguimos estimular o nosso cérebro intensamente e de forma simples, sem esforço, o que acaba contribuindo para o uso constante da plataforma.

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O problema é que essa ativação tão intensa de alguns sistemas cerebrais também pode trazer consequências negativas, como a falta de concentração e alguns outros problemas. Tentando explicar de uma maneira bem simples, as redes sociais acabam oferecendo recompensas tão intensas, que acabam suprimindo a nossa habilidade – que já não é tão grande assim – de focar em outras tarefas e criando uma hiperatividade mental, que reduz a nossa capacidade de foco e aprendizado.

Atualmente, as opiniões sobre a utilização de redes sociais e seu impacto na sociedade são muitas. Há quem diga que, de fato, todas essas novas plataformas estão reduzindo a nossa produtividade em diversos aspectos e que o lado negativo da modernidade é muito grande. Em contraponto, muitos acreditam que é uma questão de tempo até que estejamos totalmente adaptados às novas formas de comunicação. E você, o que acha da explosão das redes sociais? Conte para a gente =)

Fonte: Harvard Business Review

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