11 3569-9844 | 21 2533-2961

Como nosso cérebro pode guiar nossos gostos?

Nossa preferência por objetos pode ser influenciada por diversos fatores como, por exemplo, simetria, familiaridade, contraste ou complexidade, e de uma forma geral, nossas primeiras impressões podem ser formadas através de algumas pistas visuais detectadas quase que instantaneamente e sem que percebamos.

Para investigar esse fenômeno, pesquisadores da Universidade de Harvard realizaram uma série de experimentos, resumidos em um artigo publicado em 2008, com o intuito de estudar a influência de um objeto na determinação de nossas preferências. Os cientistas, então, realizaram testes utilizando fotos de objetos semelhantes, com nenhum apelo emocional, mas que diferiam entre si apenas por possuírem formas pontiagudas ou arrendondadas. Por exemplo, eram apresentadas imagens de duas luminárias compostas do mesmo material e com a mesma cor, sendo que a única diferença entre elas era que uma era quadrada e a outra curvilínea. Posteriormente, pedia-se para que os participantes dissessem qual das duas eles gostavam mais, sem que fosse ressaltado que analisassem qualquer característica em especial. Esse procedimento foi feito utilizando imagens de vários tipos de objetos e, enquanto os voluntários visualizavam as fotos e realizavam suas avaliações, eles tinham sua atividade cerebral monitorada por um aparelho de ressonância magnética funcional (fMRI), para que fosse possível identificar quais seriam as regiões cerebrais que estariam influenciando suas decisões.

Analisando os resultados, os autores encontraram que as pessoas declaravam gostar menos dos objetos pontiagudos do que dos com formato arrendondado. Mais ainda, os pesquisadores encontraram que tanto a porção direita quanto a esquerda de uma área cerebral chamada amígdala (observação importante: não confundir com as “amígdalas” localizadas na garganta e que atualmente são denominadas “tonsilas palatinas”) estava mais ativada quando as pessoas visualizavam os objetos pontiagudos do que quando elas viam os itens arrendondados. Dentre outras funções, uma aumentada ativação da amígdala já foi verificada durante a ocorrência de respostas de medo e processamento de eventos emocionalmente relevantes. Assim, sua maior atividade durante a visualização dos objetos pontiagudos, segundo os cientistas, poderia estar relacionada com uma aumentada percepção inconsciente de uma potencial ameaça, já que objetos perfurocortantes como facas e canivetes, também possuem formas pontiagudas e são indicativos de presença de perigo. Esses achados sugerem que as pessoas gostam menos de objetos com formato pontiagudo, quando comparado com aqueles com forma arredondada, porque esses itens podem evocar, de uma forma inconsciente, uma percepção de perigo iminente. Isso indica que o nosso cérebro pode ter evoluído para detectar e afastar estímulos que possam ser ameaçadores.

Desse modo, podemos observar que nem sempre temos total consciência do porquê preferimos um determinado objeto a outro e isso tem uma implicação direta em diversas etapas da criação de produtos. Pesquisas anteriores já demonstraram que um design arrendondado para o interior de um carro aumenta a ocorrência de emoções positivas e que, frequentemente, diversas características visuais de produtos manufaturados, como textura, forma e cor, podem ser modificadas para gerar diferentes tipos de emoção no consumidor.

Com isso, podemos perceber como é importante entender os mecanismos neuronais que influenciam a nossa preferência por determinados produtos e, assim, decifrar o que é possível fazer para melhorar a percepção de um determinado item no mercado.

Deixe um comentário

© Forebrain. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Agência Inbound